quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

SEXUALIDADE E DEFICIENCIA 2

A sexualidade do Paralisado CerebralA maioria dos portadores de P.C. “Paralisia Cerebral” apresentam apenas dificuldades no movimento corporal, mantendo plenas suas capacidades mentais. Frequentemente são superdotados na inteligência. O conhecimento disso tem prejudicado a plena inclusão a que ele tem direito.Infelizmente, uma percentagem grande de pessoas com deficiência física ainda vive isolada em sua prisão-pessoa; tentam em vão lutar para serem ouvidos, tentam mostrar que são pessoas normais, mas ninguém se convence, ficam olhando seus corpos diferentes, não entendem o que eles falam, não se interessam por seus problemas, sabem que eles vivem solitários e não querem mudar as coisas.Falo aqui do número imenso de paralisados cerebrais, aqueles com inteligência normal, mas com inúmeros problemas de comunicação, coordenação e locomoção, em especial aqueles que nasceram portadores de lesões cerebrais ou que a adquiriram na infância, tendo de crescer no meio de centros de habilitação, convivendo semanalmente com médicos, enfermeiros e inúmeros cuidadores, famílias rejeitadoras ou superdotadas.Vivência difícil e, às vezes, inconsciente, da sexualidade, abusos sexuais por parte de inimigos, e, na vida adulta, a condenação da sexualidade marginal, prostíbulos, casas de massagem, garotas de programa. Ou isto, ou a masturbação solitária, ou a rigidez ascética supervisionada pela família, um mundo de sonhos e fantasias presos numa redoma de vidro, afogados num aquário.Sofrem porque sentem iguais aos “normais”, porém são tratados como diferentes de todo mundo, inclusive das outras pessoas com deficiência física. Como cresceram com a deficiência não se sentem diferentes, podem vir a manter uma atitude rígida, controlada e obsessiva, tendendo à agressividade contra tudo e contra todos, pais, familiares, outros parceiros e a sociedade como um todo.Rejeitando a todos, fecham o ciclo do isolamento. Não podemos esquecer que a pessoa que se sente rejeitada é sempre aquele que primeiro rejeitou.Os paralisados cerebrais que nunca viveram a sexualidade sofrem além dos males da virgindade obrigatória, o problema de não terem modelos de identificação. Pais normais, sociedade normal, revistas, vídeos e demais meios de comunicação mostram como deve ser para o sujeito normal. O sexo-show, o sexo da telinha, da foto estática, mas o paralisado cerebral treme, se descoordena, não consegue ficar de pé ou manter determinada posição sexual da moda, às vezes mal consegue se tocar, com gestos bruscos pode até se machucar ou machucar parceiros íntimos.Alguns pouco conseguem ter relacionamentos afectivos sexuais equilibrados, mas esta situação é sempre o final de um processo de luta do paralisado cerebral e de sua família contra um montanha de barreiras e preconceitos invisíveis que dificultam que estes homens e mulheres possam viver sua sexualidade de forma plena.Que deve então fazer o paralisado cerebral, desistir do sexo? Absolutamente, não.Deve utilizar ainda mais a fantasia à criatividade sexual, para encontrar posições que não foram pensadas nem no Kama Sutra. Deve descobrir formas de conseguir ter prazer auto-erótico, partindo, em seguida, para a intimidade com outra pessoa

Por Fabiano PuhlmannPsicoterapeuta especializado em sexualidade humana Transcrito do Jornal Terra Azul n.º 36, abril a junho/2005, publicado pela Instituição Beneficente Nosso Lar – Editora e Distribuidora Terra Azul

Fonte: http://www.forumespirita.net/fe/index.php?topic=2226.0

Lucas Dantas
lucasrdantas@gmail.com

2 comentários:

CIDA NUNES disse...

olá lucas... adorei este tema.. porque para nós, pais e creio que para profissionais tambem, a sexualidade do portador de PC não é falada.. não é discutida.. finge-se que não existe.. tenho uma filha, como vc sabe, em fase de adolecencia, que está passando por esses problemas.. sei que está aflorando nela o apaixonar-se, o gostar e não sei como lidar com isso.. psicologos normai não sabem o que dizer.. poucos são especialistas e os poucos nem sempre são acessiveis.. então.. o que fazer? acontece que a gente acaba reprimindo porque não tem parâmetro para explicar, não sabe como..mesmo numa escola dita especial, não há profissionais adequados para ajudar.. não por falta de vontade deles.. mas por falta mesmo desses profissionais..
pergunto de novo.. fazer o que?? o que eu digo pra ela quando ela se mostra apaixonada por uma pessoa?? o que dizer pra ela quando vejo aflorando toda uma sexualidade que não sei como lidar?? alguem aí pra dar um help?????

parabens lucas... bjocas pra vc!!

Edson F. disse...

Lucas, parabéns pelo blog e pela mídia. A matéria do jornal de domingo, 1º de fevereiro, estava excelente.
Gostaria de externar minha felicidade em ver que você toca em pontos polêmicos como o da sexualidade. Como sugestão você poderia estender esse tema em seus desdobramentos, como por exemplo a homossexualidade e deficiência, o que acha?
Penso que muitas pessoas têm enfrentado dificuldades neste aspecto.

Abraços,
Víctor Zazuela